Já pensou em como algumas palavras e frases que repetimos todos os dias impactam nossos filhos de formas que nem imaginamos?
É curioso pensar como a gente pode acabar passando para eles um aprendizado que pode ecoar por anos...
Há um tempo venho pensando sobre como nossas falas podem transformar a vida das pessoas, principalmente a dos nossos filhos.
Uma frase, não importa qual, vai passar um aprendizado que eles podem carregar para o resto da vida.
Você tem alguma frase que é sua, que você já ouviu dos seus filhos?
“O ‘não’ você já tem.”
Essa é a frase mais emblemática do meu pai para mim. Ela está na minha mente até hoje, sem eu nem perceber. Sinto que é um ensinamento que carrego comigo até os meus 44 anos. Mudou e continua mudando a minha vida.
Eu a ouço, como se fosse uma voz grossa, um oráculo, ecoando, tipo Mestre dos Magos (para os não tão jovens como eu, rs): “O não você já tem, minha filha.”
Ele dizia sempre, quando eu temia pedir algo. Era um convite para eu sempre tentar buscar o sim, já que o não eu já tinha na minha cabeça.
Com essa simples e poderosa frase, meu pai me ensinou que o “não” eu já tinha, e que deveria ter coragem para buscar o que eu realmente queria. No mínimo, tentar.
Ousar perguntar, não aceitar qualquer coisa, argumentar, tentar, agir... essas atitudes abrem portas, novos caminhos, conquistas. E foi assim que comecei a ganhar o que antes não tinha: o sim.
É uma postura de vida.
Quais frases você carrega dos seus pais? Dos seus avós, ou de qualquer adulto que foi referência para você na infância? Vem alguma na sua mente?
O que de tanto ouvir você acreditou e hoje molda a sua vida?
O que ouvimos e levamos conosco? O que mais se repetia?
Você tem alguma frase que repete e até assusta dizendo: “Meu Deus, isso é tão minha mãe?”
Podem ser boas ou ruins. Nós, sobreviventes dos anos 80, crescemos com uma educação cheia de rótulos e regras gerais de vida. “Você é isso... você é aquilo... “Ou “tem que...”, “só pode se...”, “todo mundo faz assim...”
Quem é da famosa “ Você não é todo mundo?”
É preciso ficar atenta à repetição dessas frases que hoje sabemos que são tóxicas, que causam dor e limites desnecessários a nós e aos nossos filhos.
Bento me disse ontem: “Eu sou chato...” E eu, quase em pânico: “Não, não! Você está chato - e provavelmente é porque está com muito sono... bora dormir, porque você é um cara muito legal.”
A presença atenta ao que nos era habitual é necessária, assim como a troca do verbo é essencial.
Outro dia Flora disse: “Eu preciso fazer a minha parte”. Espero que isso seja bom. O poder da autorresponsabilidade pode ser transformador na vida de alguém, certo? Embora ela seja ainda bem contraditória, dizendo que sabe qual é a sua parte, sem fazer absolutamente nada da sua parte, tenho esperança que essas palavras percorram sua mente e, no tempo certo dela, ela comece a colaborar mais em casa. Em todos os sentidos.
Você tem um bom-futuro-colaborador-hoje causador do caos aí também?
Olha essa cena: era tarde já da noite, eu lavava louça na cozinha. Coisa rara. Eu cozinho, nunca lavo. Uma boa regra antiga da casa. Mas nesse dia meu marido não tinha tomado banho ainda e convidou as crianças pós jantar para um banho todos juntos. Foi uma boa ideia, até a novidade acabar (1 minuto depois) e tudo voltar ao padrão normal: desafiador.
A Flora veio chorando, até imaginei por que. Toda noite ela reluta para fazer as tarefas inegociáveis: comer, tomar banho, escovar os dentes, vestir o pijama e dormir. Cada etapa é uma luta: tirar a roupa é duro, entrar no banho é duríssimo... mas sair do banho, é fácil? De jeito nenhum. Tudo super master duro.
(Um auto-abraço)
Nos momentos de luz, temos criatividade, inventamos brincadeiras, distrações, histórias, cantamos músicas... mas 7 dias por semana, 24 horas por dia... a gente já cansados, cansa. E aí vem... “Pelo amor de Deus, minha filha, por que tem que ser chata para fazer qualquer coisa?”
Olho para ela chorando e ela solta a frase: “Mããããeee, papai falou que eu sou chata.” Respiro e penso: “ele tem razão e não posso negar”.
Explico a ela por que essas coisas inegociáveis precisam ser feitas e não questionadas diariamente.
Falo que, no fim, todo mundo é um pouco chato. Que eu sou chata, o papai é chato, mas também somos legais. Todos têm um pouco de tudo - e está tudo bem. Somos todos chatos e legais. Entrego para ela um copo colorido e a convido a levá-lo para brincar no banho. Ela sai correndo feliz e finalmente entra no banho.
No escuro da noite, depois de tantas aventuras para fazer as coisas corriqueiras, naquela hora em que você só quer que ela durma logo, ela solta, provavelmente com a cabeça ainda organizando o que viveu no dia: “Mãe, você é chata.” Sorrio e digo: “Eu sei, mas também sou muito legal. E agora vamos dormir? Te amo, minha filha.”
É... cada palavra fica na cabeça deles.
Quais as frases estamos deixando para os nossos filhos?
Quais serão as frases que eles vão escolher levar? E como eles vão levá-las para a vida deles? Me veio essa curiosidade.
Será que são essas que eu acho que são? Ou aquelas pelas quais tanto me esforço para que sejam?
Às vezes, não são as repetidas, são aquelas impactantes que se encaixam perfeitamente na nossa história de vida.
Quais serão elas? Qual seria a sua sugestão?
Interpretamos também ações e falas não ditas, e essas sim, levamos com certeza com a gente.
Podemos ampliar esse olhar para todas as pessoas e ambientes dos quais fazemos parte, né?
Causamos impactos muitas vezes em pessoas e lugares que só um dia lá na frente viemos a saber. Ou nem sabemos. Tudo comunica, por isso é tão importante a coerência e intenção com a mensagem que queremos deixar no mundo.
Não são só palavras. Atos também importam. E muito. Ou até mais...
Meu texto ficou tão extenso e tenho tanto para falar de ações… quero muito continuar e mergulhar nessa conversa com você.
E só para fechar com mais uma frase emblemática do meu pai:
“Minha filha, não bobéia!”
:)
Me conta suas frases!
Adorei o retorno e as respostas da última News. Fiquei muito feliz. Espero continuar trocando e sabendo mais de você e dos seus.
Você tem alguma frase impactante que carrega da infância e que ainda ecoa na sua vida?
Ou uma daquelas que, mesmo sabendo que não é boa, você às vezes se vê repetindo para os seus filhos?
Ou, quem sabe, uma frase que você adoraria que eles levassem de você para o mundo?
Me escreva respondendo esse e-mail. Vamos trocar mais!
Mando minhas reflexões sobre as ações no final de semana.
Dia das mães aqui, o que será que vem?
Um grande beijo.
Marina Rondon
(Se você se pega dizendo frases que não gostaria, repetindo padrões que jurou evitar, talvez seja só o cansaço falando — da rotina puxada, das demandas infinitas, da ausência de tempo pra si. Eu entendo. A nossa exaustão é legítima.
E se eu te contar que dá para transformar um pouco do caos em leveza? Que é possível criar uma rotina que acalma a vida, com mais presença, conexão e intenção — e só por isso, mais leve?
Na minha mentoria, ajudo outras mães a construírem um dia a dia que acolhe quem elas são hoje, cuidando do que importa sem se abandonar no caminho. Mais alinhado com o que queremos viver — e deixar como marca nos nossos filhos. Se quiser, vem conversar comigo. Me escreva. Vamos juntas. )
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Com carinho,
Marina Rondon
Mentora Materna | Criadora do Método Rondon - Arquitetura de Vida Saudável
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E a recente das mais animadas:
e mais uma que adoro pensar:
A maternidade é um convite a enfrentar nossos medos.
Quando a gente se torna mãe, você pode ter conversado, lido, trocado, feito qualquer preparação, mas quando aquele mini bebê chega no seu colo, você começa a viver diariamente o inesperado.